A propósito da vinda do papa
Francisco ao Brasil, o ministro Gilberto Carvalho, quando perguntado sobre a
preocupação da segurança do pontífice no Rio de Janeiro foi enfático e disse
com todas as letras: quem vai cuidar da segurança do papa Francisco será o povo
brasileiro. Ai, ai, o povo, coitado, não tem condições de cuidar nem mesmo da
sua própria segurança! Esse Gilberto é mesmo um anedotista juramentado. Aliás,
esse papo de dizer que o povo brasileiro é cordato, de boa índole é pura conversa
prá boi dormir. É só dar uma passadinha de olhos na nossa história e verás que
nós somos mesmo é muito violentos. Quantas guerras já tiveram por essas bandas,
mesmo? No mínimo uma dezena e, bastante violentas, por sinal. A pior delas
teria sido a de Canudos, onde centenas de vidas foram ceifadas pela insensatez
e pela ignorância e, também, por falta de estratégia.
Segundo
relatório recém-divulgado por órgão que acompanha o grau de violência no Brasil
e no Mundo, 260 mil pessoas foram assassinadas no Brasil de 2004 a 2007, ou
seja, mais que os 12 maiores conflitos ocorridos pelo mundo no mesmo período,
que foi de 170 mil mortos. Morreram no Brasil, vitimados pela violência
vermelha e, pelas mãos dos seus próprios irmãos, mais do que nas guerras do
Iraque, Sudão, Afeganistão, Colômbia, República Democrática do Congo, Sri
Lanka, Índia, Somália, Nepal, Caxemira, Paquistão e Israel. Povo ordeiro, gente
boa e cordata, homem cordial, pacato cidadão é nada mais que falácia.
Há um adágio popular que diz: quem
fala muito dá bom dia a cavalo. É o caso do ministro Carvalho. Ora, ora, não é
absolutamente necessário que haja um atentado contra a vida de um dignitário,
que visita o Brasil, para que isso corra mundo afora, de modo sensacional,
depondo contra aqueles que deveriam acolhê-lo com o máximo de cuidado e não o fizeram
por falta de planejamento e desleixo. Bastaria uma tomatada nas vestes alvas do
Santo-Padre para que o Brasil venha a se tornar o lugar de todos os
infortúnios. Daí, meus caros, adeus copa do mundo, adeus olimpíadas e adeus o
desejo que se tem de que esse Brasil velho de guerra venha a se tornar um País
civilizado de verdade.
Esse assunto, segurança, deveria
ficar para os entendidos. Aliás, neste País o que não falta mesmo é gente entendida
em tudo. Temos especialista para todos os gostos. Mas não, todos dão palpites
em tudo e sobre qualquer assunto. No meu entender, os ministros da Justiça e do
Gabinete de Segurança Institucional (GSI), respectivamente José Eduardo Cardoso
e general José Elito, seriam esses entendidos, pois têm sobre seus comandos a
Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência, os dois principais
organismos e mais importantes no campo da Segurança Pública e da Segurança de
Estado. Sem falar nas Forças Armadas que têm atribuições definidas. Entretanto,
não é o que vemos, nesse caso em particular.
Os órgãos de inteligência têm que
se antecipar aos fatos; agir depois que os fatos ocorreram de nada adianta. É
preciso que sejam pró-ativos. Se não, não justifica suas existências. As coisas
acontecem exatamente quando todos acham que a situação está sob controle e,
isso, é a historia quem ensina.
O papa João Paulo II foi alvejado
quando desfilava em carro aberto, sem proteção, por ação de um louco que
estaria a serviço de Moscou. Naquela quadra, o Santo-Padre travava uma guerra
contra o comunismo. Hoje, não se tem conhecimento de nenhum movimento contrario
à figura do pontífice, embora exista descontentes, até mesmo dentro da sua
própria casa, o Vaticano, onde, segundo se sabe, tem provocado algumas mudanças
que, de certo, têm desagradado muita gente. Esse fato já seria justificativa suficiente
para que a sua segurança, do papa, fosse levada a sério.
No Brasil, para aqueles que
desconhecem, já houve atentado contra a pessoa do presidente da República. Isso
foi no final da Guerra de Canudos, quando o presidente se deslocava, junto com
a sua comitiva para o cais do porto, com o objetivo de receber as tropas que
retornavam da Guerra. Um militar de baixa patente avançou contra o presidente
com uma garrucha e, imediatamente foi desarmado pelo Ministro da Guerra. Este,
ao lhe dar as costas em seguida foi atingido por uma punhalada fatal. O chefe
da Casa- militar também foi atingido, mas, felizmente sobreviveu.
A citação do episódio, acontecido
há mais de 100 anos, é só para lembrar que ninguém está livre de sofrer um
atentado, nem aqui e nem em qualquer
outro lugar do Mundo, principalmente os que exercem algum tipo de liderança.
Portanto, é bom lembrar que caldo de
galinha, chá de camomila e água benta não fazem mal a ninguém. Já o falatório
de gente como Gilberto Carvalho, o prefeito Eduardo Paes, do Rio de Janeiro, têm
todos os ingredientes para contribuir para uma tragédia, pois o excesso de
confiança repassado por autoridades tal
como àquelas, faz com que as medidas de segurança sejam relaxadas e, é aí que
as coisas acontecem. Aliás, não foi o próprio ministro quem disse ano passado
que neste ano o bicho ia pega!? Pois é isso aí. Depois não adianta chorar o
leite derramado e nem virem para a frente da televisão dizer que foram
surpreendidos.