domingo, 2 de dezembro de 2012


VINTE E CINCO CONDENADOS E UMA SENTENÇA. ESTE FOI O RESUSLTADO DE UM JULGAMENTO QUE AVANÇOU ALÉM DOS TRÊS MESES E LAVOU A ALMA DAQUELES QUE ACREDITAM EM UM BRASIL MAIS JUSTO PARA TODOS

Por Jailson S. Dantas
Finalmente o Supremo Tribunal Federal (STF) cumpriu o seu papel com galhardia, independência, e, ainda fez história, exatamente como deve ser numa Democracia. Talvez tenha surpreendido a muitos, pois a descrença da sociedade na Justiça era latente, principalmente neste caso, não sem razão, pois as atitudes, de dois dos ministros daquela corte, Ricardo Levandowisk e Dias Toffoli, bem que justificaram esse temor. Mas, graças a Deus, os ventos sopraram a favor e o barco rumou para um porto seguro e, isso nós devemos agradecer ao imediato do barco, ministro Joaquim Barbosa, o qual soube conduzi-lo, mesmo sofrendo pesadas críticas,  provocações gratuitas e pejorativas que partiam tanto dos réus-meliantes, quanto da horda ignara dos seus seguidores.
Há que se reconhecer a participação firme da maioria dos ministros para que o resultado fosse o mais satisfatório possível, permitindo lavar a alma dos crentes e, também dos descrentes, numa instituição que, desta feita, praticou a “fumaça da boa justiça”, mandando para o xilindró nada menos que treze delinquentes, e que seja de imediato.
Foram tardes tensas, momentos de dúvidas e de incertezas, às vezes, mas finalmente valeu a pena. O grande poeta português, Fernando Pessoa, na poesia antológica “Mar Português” já dizia: “tudo vale a pena se alma não é pequena” e, este foi um daqueles momentos em que a alma da gente se fez gigante, espelhada nas virtudes da maioria dos magistrados que lograram bem conduzir o julgamento do mensalão, cognominado de Ação Penal 470, os quais não se deixaram intimidar pela voz esganiçada das catacumbas.  
Não poderia deixar de citar, neste momento singular da história brasileira, parte do Sermão do Bom Ladrão, do Padre Antônio Vieira, para me referir à ladroagem que se instalou aqui por essas bandas e, que não há nada mais atual, no que pese ter sido proferido no ano de 1655, ou seja, há 357 anos.  

O que eu posso acrescentar pela experiência que tenho, é que não só do cabo da Boa Esperança para lá, mas também das partes do Aquém, se usa igualmente a mesma conjugação. Conjugam por todos os modos o verbo rapio, porque furtam de todos os modos da arte...tanto que lá chegam, começam a furtar pelo modo indicativo...furtam pelo modo imperativo...furtam pelo modo mandativo...furtam pelo modo optativo...furtam pelo modo conjuntivo...furtam pelo modo potencial...furtam pelo modo permissivo...furtam pelo modo infinitivo, porque não tem fim o furtar com o fim do governo, e sempre lá deixam raízes, em que vão continuando os furtos”.

Os delinquentes condenados:
José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares, João Paulo Cunha, Marcos Valério, Cristiano Paz, Ramon Hollembach, Henrique Pizzolato, Rogério Tolentino, Simone Vasconcelos, Vinícios Samarane, José Roberto Salgado, Kátia Rabelo, Roberto Jefferson, Valdemar da Costa Neto, Jacinto Lamas, Pedro Correa, João Cláudio Genú, José Borba, Romeu Queiroz, Carlos Alberto Rodrigues, Enivaldo Quadrado, Breno Fischberg, Emerson Palmiere e Pedro Hernry.
A sentença como recado:
O que fica da sentença proferida é que ninguém está acima da lei, seja príncipe seja plebeu: cometeu crime tem que pagar na forma da lei. Voto não substitui a lei, opinião publica não é tribunal e quadrilha é quadrilha e ladrão é ladrão. A cadeia é a parada final para esse tipo de gente. Esses que se cuidem daqui para frente, e ponto final.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

ASSASSINATO NO CINEMA

Tudo aconteceu de uma hora para outra, sem que ninguém pudesse esperar. As luzes se apagaram e o filme começou. Inicialmente todos estávamos em silêncio absoluto e de repente, não mais que de repente, um vulto apareceu numa das portas laterais. Inicialmente não dava para saber se era homem ou mulher, mas quando começaram os disparos, com o clarão que saia  do cano da arma, o qual iluminava a cara do atirador, foi que se pode ver que se tratava de um homem. Um homem jovem aparentando ter entre 20 a 25 anos de idade. Além da arma que empunhava trazia outras duas a tiracolo.  Deu para ver que trazia presas ao corpo várias granadas, as quais, felizmente, não foram usadas.
Iniciou-se uma gritaria e uma correria incontrolável, com pessoas passando umas por cimas das outras, todas desesperadas. O atirador não parava de disparar sua arma, ao mesmo tempo em que gritava que ele era o justiceiro implacável, fruto do consumo exagerado de uma sociedade cosmopolita que não tinha compromissos com o seu semelhante. Estabeleceu-se o horror. Quando se passavam mais de 30 segundos as luzes foram acesas e, então, o que se viu foi uma verdadeira carnificina, havia corpos ensanguentados por todos os lados. O odor insuportável de sangue, pólvora, urina e excremento se expandiu pelo ambiente. Aí foi quando as portam se abriram num estrondo, acompanhado de uma fumaça espessa. No meio daquela fumaceira, eis que irrompeu uma tropa de homens armados usando máscaras contra gazes. Os focos das lanternas que portavam faziam uma espécie de dança macabra no meio do fumo presente, em busca frenética pelo louco atirador que havia parado de atirar, mas a pausa não significava que o tormento havia terminado. O assassino parou apenas para recarregar a arma. Foi quando, nesse momento, ecoou um disparo seguido de um barulho de um corpo que cai. Imediatamente ouviu-se um grito que ecoou no recinto tal qual numa caverna: acabou-se!
Quando acordei estava suado dos pés à cabeça e sentia um calor insuportável, apesar de naquela madrugada os termômetros acusarem uma temperatura de 10 cº. em Brasília. Dei graças a Deus por ter sido apenas um sonho, coisa que não aconteceu para todos aqueles que passaram pelo horror vivenciado dentro de um cinema, na cidade de Aurora, em Denver, no Estado do Colorado, nos Estados Unidos da América. Lembrei-me do Filme: “Coisas Para Fazer em Denver Quando Você Está Morto”, de Andy Garcia. Peguei o filme e fui assisti-lo, mas sempre com o pensamento voltado para as vítimas do cinema e aquele terrível pesadelo. Dias depois fui assistir o Batmam e confesso que não achei graça nenhuma, tive vontade de sair no meio do filme, mas resisti assim mesmo, em respeito às vítimas de Denver e, é claro, ao meu bolso.
Brasília, 08 de agosto de 2012.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

É TEMPO DE ELEIÇÕES MUNICIPAIS E TEMPO DE  CABALAR VOTOS
Ao se aproximarem as eleições municipais não seria demasiado relembrar um certo  administrador público que viveu no Sertão das alagoas, lá pelos idos  de 1928 a 1930,cujo nome que lhe deram na pia batismal foi o de Graciliano, Graciliano Ramos. Esse cidadão assumiu a prefeitura de Palmeira dos Índios, a qual se achava em petição de miséria naquela quadra, como ele mesmo relata em seus relatórios encaminhados ao governador do Estado, dos quais farei, pois, algumas inserções neste breve comentário.
Logo no primeiro relatório, datado de janeiro de 1929, ele expõe de maneira clara: “Trago à V. Excia. um resumo dos trabalhos realizados pela Prefeitura de Palmeira dos Índios em 1928”. E prossegue Graciliano: “não foram muitos, que os nossos recursos são exíguos. Assim minguados, entretanto, quase insensíveis ao observador afastado, que desconheça as condições em que o Município se achava, muito me custaram”.
“Havia em Palmeira inúmeros prefeitos: os cobradores de impostos, o comandante do destacamento, os soldados, outros que desejassem administrar. Cada pedaço do Município tinha sua administração particular, com prefeitos, coronéis e prefeitos inspetores de quarteirões. Os fiscais, esses, resolviam questões de polícia e advogavam”. Ou seja, era uma verdadeira balbúrdia. Mas O velho Graciliano, não se deixou intimidar e mandou ver. Para que essa anomalia, essa bagunça desaparecesse ele disse que lutou com tenacidade e encontrou obstáculos dentro da prefeitura e fora dela. “Dentro uma resistência mole, suave, de algodão em rama; afora, uma campanha sôrna, oblíqua, carregada de billis. Pensavam uns que tudo ia bem nas mãos de Nosso Senhor, que administra melhor do que todos nós; outros me davam três meses para levar um tiro”. “Dos funcionários que encontrei em janeiro do ano passado restam poucos: saíram os que faziam política e os que não faziam coisa nenhuma. Os atuais não se metem onde não são chamados (...)” Não sei se administração do Município é boa ou ruim. Talvez pudesse ser pior”.
Graciliano Ramos prosseguiu na sua tarefa de administrador probo, construindo estradas, retirando animais que ficavam soltos nas ruelas dos logradouros públicos, aterrando lagoas infestadas de mosquitos, construindo escolas. Isso sempre economizando os minguados recursos.
Por fim, ele conclui o relatório nos seguintes termos: “Procurei sempre os caminhos mais curtos. Nas estradas que se abriram só há curvas onde as retas foram inteiramente impossíveis. Evitei emaranhar-me em teias de aranha. Certos indivíduos, não sei porquê, imaginam que devem ser considerados; outros se julgam autoridade bastante para dizer aos contribuintes que não paguem impostos. Não me entendi com esses”.
“Há quem ache tudo ruim, e ria constrangidamente, e escreva cartas anônimas, e adoeça, e se morda por não ver a infalível maroteirazinha, a abençoada canalhice, preciosa para quem a pratica, mais preciosa ainda para os que dela se servem como assunto invariável; há quem não compreenda que um ato administrativo seja isento de lucro pessoal; há até quem pretenda embaraçar-me em coisa tão simples como quebrar as pedras dos caminhos”.
“Não favoreci ninguém. Devo ter cometido numerosos disparates. Todos os meus erros, porém, foram erros da inteligência, que é fraca. Perdi vários amigos, ou indivíduos que possam ter semelhante nome. Não me fizeram falta (...). Há descontentamento. Se a minha estada na Prefeitura por estes dois anos dependessem de um plebiscito, talvez eu não obtivesse dez votos”.
Pois é, num momento em que grassa pelo Brasil afora uma roubalheira sem tamanho, quando prefeitos eleitos para administrar passam a agir em causa própria empregando familiares, desviando dinheiro público, superfaturando obras. Diante de quadro tão assustador não seria demais darmos uma passadinha de olhos pela história e descobrir que existiam pessoas preocupadas com a coisa pública. Entretanto, como bem o próprio Graciliano, já havia naquela ocasião a canalhice. Só que, no Brasil de hoje, a safadeza, o descaramento, a falta de vergonha e a picaretagem são considerados por muitos uma qualidade. Muitos haverão de dizer: ora, ora, se roubam, mas fazem, deixa o pau comer solto! Enquanto isso acontece, faltam hospitais, escolas, estradas, saneamento básico, iluminação pública. Sem falar nas doenças que já estavam erradicadas há muito tempo e que agora voltam com toda a força, como são os casos de coqueluche, caxumba, catapora, malária e outras tantas. Como nos fazem falta alguns Gracilianos!
Portanto, é tempo de reflexão e prestar bem atenção nas figuras que irão aparecer pedindo seu voto e prometendo mundos e fundos, sempre de braços dados com um picareta maior, com sorriso amarelo no rosto a cabalar o seu voto.  Se for um desses de ficha suja, então nem se fala, pau nele.
Brasília, 03 de Agosto de 2012.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Simplesmente Joana

Sobre Joana Barbosa.Soube que Joana havia sido atropelada e morta. Mas, felizmente ela está viva. Recebi informações de um seu irmão que mora em Catu-BA, local de origem da Joana,  que ela foi localizada pela família e, agora, se encontra sob seus cuidados. Graças a Deus Joana está viva.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

ASSASSINATO E VILIPÊNDIO NO CAMPO-SANTO NA CAPITAL FEDERAL

Na tarde da última terça-feira (17), um policial federal foi assassinado quando visitava o túmulo do pai, no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília. Os assassinos não tiveram respeito pelo ambiente em que se encontrava a vítima, ou seja, o lugar do qual se costuma dizer que reina a paz das catacumbas. Seria apenas mais um ato de violência cometido contra um cidadão, fato que se tornou rotina na Capital Federal, não fosse o policial um dos que participaram da Operação Monte Carlo, aquela que levou o contraventor Carlinhos Cachoeira à cadeia e o afastamento da política de um senador da República.
Ainda é muito cedo para se concluir que foi um crime de mando, mas, pelo modus operandi dos sicários, não fica difícil traçar hipóteses. A área onde se encontra o cemitério- Setor Policial Sul- fica distante cerca de oitocentos metros da Sede da Superintendência da Polícia Federal, aproximadamente trezentos do QG da Polícia Militar e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que ficam em frente ao cemitério. Ao lado ainda se encontra uma Delegacia de Polícia Civil. Assim, podemos concluir, sem medo de errar, que pelo ambiente circulam muitos policiais. Não se trata, todavia, de área isolada aonde qualquer bandidinho pés- de- chinelo iria cometer crime tão bárbaro.
Essa violência aponta para crime praticado por profissionais do ramo.  Entretanto, só a conclusão da Perícia poderá confirmar ou não essa tese. Leve-se em consideração, ainda, que somente o veículo da vítima foi levado. A arma e a carteira foram deixados para trás.  Pelo histórico de roubos de veículos raramente um carro é roubado tendo os bandidos usado de tamanha violência. Foram dois tiros na cabeça, sem dó nem piedade. Não será nenhuma surpresa se amanhã o carro da vítima for encontrado queimado, como é praxe nesse tipo de crime.

 Num artigo que postei anteriormente neste mesmo espaço, sobre a Operação Monte Carlo, eu dizia que só estava faltando mesmo um assassinato, para se ter um cenário completo de como o Crime Organizado se estabeleceu com todos os seus ingredientes maléficos: da compra de políticos, fraudes em concorrência pública, prostituição, roubo do dinheiro público, jogatina. Caso se confirmem as suspeitas, o circúlo se fecha. O assassinato, como se sabe, é a mão pesada do crime, usada para intimidar as autoridades.
O juiz do caso já pediu para sair e, nesse momento, já deve estar fora do Brasil, se cumpriu o que ele mesmo declarou. A violência em Brasília é algo assustador. As pessoas evitam sair de suas casas depois que anoitece em Brasília. Elas procuram todo tipo de barreira para evitar o ataque dos bandidos que não têm hora para agir, porém todo o esforso tem se tornado em vão. Já se tornaram corriqueiros os assaltos a lojas em shopping-centers. Isso sem falar nos estupros e os chamados sequestros-relâmpagos. A população se tranca com grades em suas próprias casas enquanto a súcia de bandidos está livre. É um paradoxo, temos que admitir. Não há lugar seguro, nem mesmo no cemitério, onde o sossego deveria reinar. 

quinta-feira, 12 de julho de 2012

DEMÓSTENES TORRES NÃO TRABALHA MAIS AQUI

Por: Jailson S. Dantas
Parafraseando o filme de Marti Scorcese, Alice não mora mais aqui, é que inicio esta digressão sobre o episódio que levou à cassação do senador Demóstenes Torres, agora ex-senador, neste 11 de julho, quarta-feira, para alívio geral daqueles que pregam e professam a ética nos negócios públicos. Não vejo o processo que o levou à cassação, bem como sua agonia para livrar-se das acusações de quebra do decoro, com regozijo, e sim, com profunda tristeza, pois nenhum homem é uma ilha.
 Senti seu desespero em tentar provar sua inocência de lobo em pele de cordeiro, porém todo seu esforço foi em vão e acabou defenestrado do Senado, Casa por onde passaram grandes figuras políticas da nação, tais como Ruy Barbosa, Afonso Arinos de Mello Franco, Petrônio Portela, Jarbas Passarinho, e outros mais. O que sinto, na verdade, é vergonha por ele, por mais estranho que isso possa parecer.  Eu, como tantos outros brasileiros que tínhamos respeito e admiração pelo trabalho que desenvolvia sempre à frente dos seus pares, tal a sua expertise nos assuntos que discutia, fomos enganados.
Demóstenes defendia causas e ideias que, nenhum outro senador talvez tivesse a coragem de defendê-las. Parecia-nos, tratar-se de um homem destemido e, diga-se, digno de todo o respeito. Mas, ao contrário, não passava de um lambe-botas de um contraventor, dublê de empresário, alcunhado Carlinhos cachoeira. Este, ao contrario do ex-senador e da Alice do filme, ainda mora por aqui e seu endereço atual é o Presídio da Papuda, em Brasília.
O renomado político goiano, durante o período em que se desenrolava a CPMI, andava acabrunhando, esgueirando-se pelos cantos e pouco aparecia no Senado, mas, ao se aproximar a data fatídica, ao contrário, compareceu diariamente ali e desandou a fazer discursos acalorados para um plenário vazio, se defendendo do indefensável. Na tentativa vã de salvar a própria pele comparou-se a Jesus Cristo, acusou a imprensa, pediu clemência; mas nada disso adiantou. Não conseguiu o que queria. Porém, seu esforço não foi totalmente em vão, granjeou simpatias e conseguiu 19 votos a seu favor. O resultado foi 56 votos pela cassação, cinco abstenções e um senador que não compareceu. É evidente que aqueles que votaram contra a cassação o fizeram sob o manto espúrio do voto secreto, cujo tempo de vida tende a encurtar a cada vez que um episódio desses acontece. Desde o dia 7 de setembro do ano passado (2011), marco das passeatas contra a corrupção no Brasil, que o fim do voto secreto está em pauta. Vamos esperar para ver.
No inicio desse processo postei um comentário a respeito da Operação Monte Carlo, neste mesmo espaço, onde eu dizia que, o agora ex-senador Demóstenes posava de homem sério, guardião da lanterna de Diógenes de Sinope, filósofo grego que perambulava pelas ruas de Atenas com uma lanterna na mão em busca de um homem verdadeiro, honesto.  Com essa atitude enganou a muitos de boa fé, por outro lado, também, ganhou muitos desafetos no Senado, fato que contribuiu, provavelmente, para o resultado que se viu ao final. De minha parte, já vai tarde, Demóstenes! Agora, faltam os outros...
Brasília, 11 de julho de 2012.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

CHICAGO PODERIA SER AQUI MESMO NO BRASIL
A cidade de Chicago, nos Estados Unidos da América, no final dos anos 20 e início dos 30, foi infestada por bandos mafiosos que espalhavam o terror generalizado, aproveitando-se da Lei Seca que proibia a fabricação, transporte, venda e consumo de bebidas alcoólicas. O mais destacado desses bandidos foi Alfonso Capone, mais conhecido com Al Capone.
Diante das inúmeras denúncias de corrupção envolvendo políticos, empresários, juízes, desembargadores, promotores públicos, advogados, policiais; outros servidores públicos com o crime organizado, não nos resta dúvida: Chicago fica aqui mesmo no Brasil e poderia ser localizado em qualquer Estado da Federação, do Oiapoque ao Chuí.
Venho acompanhando os noticiários sobre a Operação Monte Carlo, que tem como alvo principal o contraventor, dublê de empresário, alcunhado Carlinhos Cachoeira e, o que tenho visto e ouvido, é de estarrecer, tal a amplitude da penetração dessa figura nos meios oficiais, nas três esferas de poder. Dizem que a vida imita a arte. Não seria temerário dizer que é exatamente ao contrário. Duvido que alguns dos mais renomados autores de filmes de ficção sobre máfias tenham chegado a tanto. Nem mesmo o mais destacado de todos, Mario Puzzo, que deu origem ao não menos destacado filme “O Poderoso Chefão”, teria a perspicácia de escrever um roteiro antevendo o que hoje ocorre no Brasil. A realidade supera toda ficção.
Acontece que desde que o cinema existe, os proxenetas, os rufiões, as cafetinas, os picaretas, os ladrões, os corruptos e gângsteres afanadores do erário, sempre figuraram  os grandes personagens. Os corruptores da vida real, como no cinema, são figuras amáveis que se apresentam como defensores da lei, da ordem e dos bons costumes, mas estão sempre de atalaia e, ao menor descuido estão prontos para fraudar, corromper, sempre com a ajuda de servidores públicos corruptos. Essas figuras não carregam marcas na testa que as identifiquem; são pessoas aparentemente comuns, não raro generosas, que ao primeiro momento não levantam suspeitas. No mesmo sentido, o crime organizado também não tem endereço, não tem telefone, nem e-mail. Trata-se de entidade que age sub-repticiamente, na calada, para não levantar suspeitas e só caem em desgraça quando um comparsa é denunciado pelo outro, ou com muito esforço dos órgãos fiscalizadores que, normalmente, estão sempre a alguns passos atrás.  Portanto, sempre em desvantagem perante àqueles.
No caso Cachoeira tem de tudo, só ainda não pintou assassinato. A mais recente declaração é a do prefeito de Águas Lindas de Goiás, cidade a cerca de 50 quilômetros distante do Plano Piloto, em Brasília.  Diz o alcaide que: “um pedido do contraventor é uma ordem”. Em discurso da tribuna da Câmara no dia 2/5 um deputado, que tem até a senha do cartão do contraventor, o felicitou pelo aniversário. É muita cara de pau desse sujeito que atende pelo nome de Leréia. O resultado dessa operação foi a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), já em andamento. Rogamos a Deus para que não acabe em “pizza”, como tantas ouras que já caíram no esquecimento.
Não seria temerário dizer que nenhum estado da Federação aguentaria uma operação desse porte. A corrupção parece ser endêmica e permeia grande parte dos poderes federais, estaduais e municipais. Recentemente, no Rio Grande do Norte, dois desembargadores foram afastados dos seus cargos por corrupção. A presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Ministra Eliana Calmon, já havia declarado para o mundo ano passado que “a magistratura brasileira enfrentava problemas de infiltração de bandidos escondidos atrás da toga”. Quase perdeu o cargo por isso.
No dia 17 de abril 2012, a Justiça do Espírito Santo desencadeou a Operação “Lee Oswald”, que prendeu mais de vinte pessoas, na cidade de Presidente Kennedy, dentre elas o prefeito. Os crimes ali cometidos iam desde fraude em licitações até contratação de funcionários fantasmas e outros crimes menores. Identificou também o que classificou de “conexão Presidente Kennedy” uma vez que essa bandalheira é continuada. As denúncias envolvem até mesmo o ex-governador Paulo César Hartung Gomes e o ex-secretário de Fazenda José Teófilo de Oliveira, bem como a Sra. Mônica Bragatto, esposa do atual presidente da Companhia Espirito Santense de  Saneamento (Cesan) em provável prática de lavagem de dinheiro. Os crimes ali praticados avançam sobre setores da administração pública, tanto estadual quanto municipal e ainda atravessa fronteiras geográficas do ES, alcançado outros estados, envolvendo gente denunciada no que ficou denominado “mensalão”, tais como Roberto Jefferson (PTB-RJ) e Delúbio Soares (PT-GO). Essa gente não tem jeito, não!
Diante do que se viu até agora, extraído do inquérito elaborado pelo delegado da Polícia Federal Dr. Ávaro Rogério Duboc Farjado, o crime está enraizado naquele estado. O delegado justificou a atuação da Polícia Federal, nesse caso, dada a suspeita de “possível atuação de integrantes da Polícia Judiciária estadual e da Polícia Militar/ES, dentro da organização criminosa”. Sobre os fatos apresentados disse o atual presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo (TJES) desembargador Pedro Valls Feu Rosa: “O Espírito Santo acha-se diante de uma das encruzilhadas da História. Está para perder incentivos fiscais, e bem assim ser brutalmente prejudicado na divisão dos ‘royalties’ do petróleo (...). Significa isto que precisamos nos consolidar enquanto um Estado sério, no qual investidores não sejam achacados a um ponto tal que tenha que fechar suas atividades”.
Mais adiante aquela autoridade, depois de observar o que apurou o inquérito, reafirma de maneira categórica: “desta forma, acredito que apenas uma investigação mais profunda a ser conduzida pela Polícia Federal, com apoio de outros órgãos de controle do Estado e da União, será capaz de identificar todos os membros da suposta quadrilha, tamanha a extensão e a organização noticiadas com que se articulam para o cometimento de ilícitos em detrimento das administrações públicas municipais e do próprio Estado do Espírito Santo”.
E dentre as providências tomadas, o presidente do TJES determina “que seja solicitada ao Exmº Sr. Ministro da Justiça, Dr. José Eduardo Martins Cardozo, a designação de uma equipe da Polícia Federal para que auxilie o Tribunal de Justiça e o Ministério Público Estadual na apuração dos gravíssimos fatos nestes autos”.
Pois é, diante do quadro verificado não resta a menor dúvida de que é preciso, com urgência, a intervenção da União, colocando a Polícia Federal e outros órgãos à disposição da Justiça do Espírito Santo. Mas, por outro lado, há pessoas preocupadas não com o nível de corrupção ali existente e a consequente participação de autoridades e ex-autoridades, mas com os rumos e implicações de uma investigação ampla e já se movimentam em Brasília para, talvez, obstar as ações propostas pelo Presidente do TJES.
 Por fim, quem se dispuser a assistir a qualquer filme que tenha como tema as máfias nos Estados Unidos, irá constatar que Chicago poderia muito bem ser aqui mesmo, ou não?  

3ª marcha contra a corrupção em Brasília

quarta-feira, 11 de abril de 2012

OU O BRASIL ACABA COM A CORRUPÇÃO, OU A CORRUPÇÃO ACABA COM O BRASIL

Para se ter uma ideia do que vem a ser a corrupção no Brasil de hoje e de antes, é preciso voltar um pouco no tempo e refletir sobre os Sermões do Padre Antônio Vieira, principalmente o que se refere aos Peixes, ou de Santo Antônio. Ali está a gênese de tudo. Ironicamente essa pregação fora feita em São Luiz do Maranhão em 1654, por esse gênio da oratória Sacra.
Nós, brasileiros, estamos fartos de sermos enganados por esses falsos profetas que, travestidos de homens honrados e defensores dos bons costumes, quando flagrados com a boca na botija sempre recorrem aos seus direitos contidos nas leis vigentes, as mesmas que deixam de cumprir, mas que as usam em benefício próprio. Esse é o caso do senador Demóstenes Torres. O ilustrado político era uma espécie de guardião da lanterna de Diógenes de Sínope, aquele filósofo Grego que perambulava pelas ruas de Atenas sempre com uma lanterna na mão em busca de um homem. Sim, ele andava em busca de um homem de verdade!
Torres, que se tornou um “cínico” convicto - não nos moldes do filósofo-, mas um cínico modernoso, que pretendeu enganar a todos durante todo o tempo. Deu-se mal e acabou enredado no cipoal de denúncias de corrupção. Muita gente foi enganada pela sua eloqüência, competência e sabedoria jurídica, o qual demonstrava possuir. O fato de ter sido membro do Ministério Público Goiano lhe conferia maior credibilidade. O senador Pedro Simon, numa entrevista recente à Revista Veja, chegou a dizer que colocava a mão no fogo por ele. Queimou-se. Queimamo-nos todos.
Voltemos ao Sermão do padre Vieira. “Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção, mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser, a causa dessa corrupção? (...)”. Ora, a resposta é simples: talvez seja porque os que deveriam agir, os que são pagos para agir não o fizeram, não o fazem e se deixam levar pela vaidade. Como diz o Sermão, o sal tem o poder de impedir o apodrecimento. Pois é isso, no caso, o senador possuía o poder do sal e não usou esse poder para impedir a podridão da corrupção que permeia a sociedade; preferiu, ao contrário, acumpliciar-se com a casta bandida e viver à custa das migalhas que lhes eram ofertadas pelo Crime Organizado. Tinha o dever de vigiar e punir e não o fez. Optou por vestir a túnica de Calabar e trair a todos os que acreditaram na sua ladainha de homem honrado, político combativo e vigilante. Que sina, que decepção, Demóstenes!
Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) está a caminho, mas como outras que ocorreram no passado recente essa não pode acabar em “pizza”. Não devemos esquecer que, em muitos casos uma CPI serve a propósitos outros que não aos fins para os quais foi instalada, ou seja, apurar e punir os responsáveis pelas irregularidades cometidas e, ainda de quebra, servir de exemplo para outros aventureiros. Os corruptos sempre contam com o esquecimento da sociedade para, sorrateiramente, voltarem ao “ofício”. Os mensaleiros que o digam. A Justiça, sal da terra, tem o dever de julgá-los logo, antes que a prescrição chegue para beneficiá-los. Eles estão contando com isso.
Então, vamos torcer para que a fumaça da boa justiça seja praticada e repetir as palavras do próprio senador, na entrevista que deu à Revista Veja, em junho de 2011: “Só sobrou o Supremo”. Parece que sabia do que estava falando. Do jeito que a coisa vai, ou o Brasil acaba com a corrupção, ou a corrupção acaba com o Brasil, parafraseando o naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire que se referiu, no mesmo sentido, às saúvas, formigas cortadeiras, praga que infestava os campos brasileiros, no meado do século XIX.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

PARA MUITOS A POBREZA É CONVENIENTE

Não faz muito tempo assisti um filme cujo tema se referia aos momentos seguintes ao fim da Segunda Guerra, na Alemanha. A atriz principal no papel de prostituta, num determinado diálogo para justificar a sua profissão, dizia o seguinte: A guerra é conveniente, pois em nome dela pode-se cometer todos os desatinos, e todos, podem ser justificados. Assim é o que sinto em relação à pobreza no Brasil recente. Em nome na miséria pode se cometer os maiores desatinos, as maiores barbaridades, sem que os perpetradores se sintam, de alguma forma, responsabilizados.
Isso vai desde aqueles que estão nessa condição, pobreza, até os que atuam em nome dela prometendo erradicá-la. No segundo caso estão alguns políticos cuja campanha eleitoral, de quatro em quatro anos, sempre se refere ao mesmo tema. Ou seja, lutar para acabar com a pobreza e a miséria. Pelo que se tem notado, as campanhas têm sido exitosa quando se trata de acabar com a pobreza dos próprios. Conheço algumas figuras políticas que, no inicio da vida pública, andavam de bicicleta ou mesmo a pé, com uma mochila nas costas cheia de panfletos e hoje estão ricos, muito ricos à custa do erário. E os pobres? Ah, esses continuam pobres e elegendo os mesmo picaretas de sempre.
Acontece que a pobreza não é uma condição estática, ela é decorrente de situações momentâneas e não pode ser justificativa para o cometimento de crimes, como muitos querem passar essa idéia distorcida. Já ouvi tolices tais como: se um jovem pobre rouba um tênis de marca é porque não tem condições de comprá-lo. E assim por diante. As ruas estão entupidas desse tipo de delinqüente; delinqüente coitadinho! Pode ser coitadinho, mas a pistola que usou para assaltar, com certeza teria, em tese, o valor de dez ou mais pares do tênis que roubou, com o custo da vida da vítima, em muitos casos.
Outros delinqüentes mais qualificados e ricos, não assaltam nas ruas, não roubam tênis, não roubam saquinhos de biscoitos nos supermercados; não roubam galinhas. Esses roubam em outras esferas. Roubam nas licitações públicas superfaturadas. E ainda podem obter o beneplácito da sociedade de que roubam, sim, mas faz. Assim sendo, tanto a guerra como a pobreza, duas desgraças da humanidade, podem servir a propósitos semelhantes. Mas, na realidade nua e crua, tanto é ladrão aquele que roubou um tênis quanto o que fraudou uma licitação. E ponto final.

terça-feira, 6 de março de 2012

SEU NOME:JOANA BARBOSA DE SOUZA

Joana Barbosa de Souza é moradora de rua em Brasília desde 2005.Vive sob uma árvore na Quadra 107 Sul em condições precárias. Vez por outra desocupados roubam os seus minguados pertences. Os vizinhos sempre fornecem alguma comida e roupas. Ela é muito elegante envolta nos seus trapos. Tem estilo e é muito inteligente, embora, em certos momentos, seja acometida de devaneios. Este vídeo foi feito por mim no meu local de trabalho há 2 anos aproximadamente. Ela pretende escrever um livro. Seria esse um dos seus devaneios? Também se diz perseguida pelo crime organizado. Disse-me que veio de Macaé/RJ onde deixou sua familia, embora não goste de falar nesse assunto. Provavelmente esse seja um caso de desaparecimento e quem tive acesso ao presente vídeo avise à familia em Macaé.

sexta-feira, 2 de março de 2012

EX-CHEFE DO SERVIÇO DE INTELIGÊCIA BRASILEIRO NA PASSARELA DO SAMBA

Vejam como o mundo dá voltas! O ex- chefe do Serviço Secreto brasileiro (ABIn), no primeiro governo LULA, delegado da Polícia de São Paulo Mauro Marcelo, foi filmado conduzindo  Thiago Ciro, aquele sujeito que resolveu bagunçar a aputação das escolas de samba de São Paulo. Pois é, deve ser difícil para quem durante um bom período viveu pelos corredores do poder da República e, hoje é designado para fazer tarefas de investigador  em início de carreira, tirando plantão na passarela do samba. Só mesmo no Brasil...
Vejam o vídeo..

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Ateu ativista busca no Ministério Público Federal o apoio para causa que defende


 
A religiosidade anda muito em voga no nosso País nos últimos tempos, não sei se isso é bom ou ruim. Se for para dividir ou exacerbar as paixões fundamentalistas e intolerantes é um péssimo sinal. Vejam que um procurador federal que, diga-se de passagem, é muito diligente, achou de comprar uma briga com o Banco Central para questionar a inscrição “DEUS SEJA LOUVADO” nas cédulas do nosso dinheiro, demandado por militante do ateísmo fundamentalista. Segundo aquela autoridade, Jefferson Aparecido Dias, da Procuradoria dos Direitos do Cidadão, em são Paulo, o nome de Deus na moeda seria inadmissível, pois um Estado laico como o Brasil não pode insistir em manter tal inscrição no dinheiro circulante.
O procurador confessa ‘ser católico praticante’ no documento enviado ao Ministério da Fazenda, segundo a imprensa, e ‘é por isso que considera que Religião e Estado devem ser mantidos separados, tal como manda a Constituição’. Ora essa, eu entendo que o procurador deve mesmo se preocupar, sim, com o cumprimento da nossa Carta Magna, mas, por outro lado, há uma pergunta que não quer calar: como católico ele não deveria ficar feliz com a divulgação do nome de Deus, seja lá por qual meio for!? Acontece que o Dr. Jefferson, pelo que me parece, deixou de observar que a mesma Constituição foi promulgada sob a proteção de Deus, conforme o preâmbulo da Constituição abaixo:
“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL”. É o que está escrito e o que foi aprovado.
Pois é, aí está a prova cabal de que a própria Constituição referenda e legitima a inscrição contida nas cédulas do real. Só esse fato já bastaria, a meu ver, para que o procurador viesse argüir a impertinência de se questionar a dita inscrição, sem querer ferir, é claro, o direito do cidadão de representar contra quem quer que seja. Não me parece que o procurador tenha comprado essa briga com o Banco Central por iniciativa própria, em benefício próprio e sim em atendimento à queixa de algum cidadão que se sentindo incomodado, procurou o amparo da Constituição, a qual lhe garante o direito de peticionar junto a qualquer órgão público, no caso à Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão e, em assim sendo, a autoridade não poderia ter deixado de fazê-lo, sob pena de estar se esquivando de cumprir o seu dever Constitucional e funcional. E foi o que pode ter acontecido nesse caso, me parece.
Entretanto o jornalista, talvez por exigência do prazo e, pela pressa em cumprir a pauta, deixou de aprofundar suas pesquisas, pois se assim tivesse procedido teria descoberto que o procurador já havia agido em outros casos semelhantes, demandado pelo mesmo reclamante, quando abriu procedimento administrativo contra o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TER/SP), em 2009, para apurar a notícia de ostentação de símbolo religioso afixado em local proeminente, na sala de audiência daquele Tribunal. O crucifixo era o alvo.
No caso o recalcitrante Daniel Sottomaior Pereira, vem levantando a celeuma de que os símbolos religiosos nos ambientes públicos da administração pública ferem a Constituição Federal, principalmente o Artigo 19.1 e, por isso, tem buscado o amparo do Ministério Público Federal (MPF) para alcançar o seu intento.  Porém, até o presente, sua luta não alcançou o objetivo desejado. Em 2007, Daniel em representação contra Câmara Municipal de São Paulo sustentou a tese que um crucifixo no plenário daquela Casa afrontava o artigo 19.1 da Constituição, que consagra o princípio da laicidade estatal. Também peticionou, no mesmo sentido, pretendendo a retirada do símbolo crucifixo dos plenários e salas dos Tribunais de Justiça do Ceará, Minas Gerais, Santa Catarina e Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Esta representação foi ter lugar no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que julgou improcedente os pedidos, acolhendo o voto do conselheiro relator DR. Oscar Argollo que, no seu voto ressaltou: que a presença do crucifixo em tribunais não torna o Estado e o Poder Judiciário clerical, vinculado a uma determinada confissão religiosa e que a fixação de crucifixo em repartições públicas trata-se de um costume e de uma tradição.
Mais tarde, o mesmo cidadão, Daniel, entrou com outra representação, desta feita contra o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, pois se sentia ofendido com a presença do crucifixo na sede do referido órgão. Conseguiu que o procurador, mais uma vez, abrisse uma Ação Civil Pública a qual foi indeferida pela Juíza Maria Lúcia Lencastre Ursaia, da 3ª Vara Cível Federal de São Paulo. No seu despacho, em caráter liminar, aquela autoridade se manifestou nos seguintes termos: o Estado laico foi a primeira organização política que garantiu a liberdade religiosa e que, a laicidade não pode se expressar na eliminação do símbolos, mas na tolerância aos mesmos. Adiando, assim, as pretensões de Daniel. A decisão da juíza foi publicada no Diário da Justiça Federal, Seção Judiciária de São Paulo no dia 20 de agosto de 2009.
Busquei socorro no Dicionário Houaiss com objetivo de esclarecer melhor o que vem a sei Laico. Encontrei o seguinte: “1- laico que ou aquele que não pertence ao clero, nem a uma ordem religiosa, leigo; 2- que ou aquele que é hostil a influência, ao controle da Igreja e do clero sobre a vida intelectual e moral, sobre as instituições e os serviços públicos; 3- que é independente em face do clero e da Igreja, e, em sentido mais amplo, de toda  confissão  religiosa; 4- relativo ao mundo profano ou à vida civil”. Quanto à laicidade, a Senhora magistrada não deixa dúvidas.
Para o termo ateu o mesmo dicionário ensina que “é aquele que não crê em Deus ou nos deuses; ateísta. Que ou aquele que não revela respeito ou deferência para com as crenças religiosas alheias; ímpio, herege”. 
No mais recente capítulo em que se discute a eliminação dos símbolos nas coisas do Estado, principalmente da inscrição “DEUS SEJA LOUVADO” o procurador não revelou o nome do cidadão paulistano que entrou com o pedido. Entretanto, nas minhas pesquisas pela internet encontrei referências ao assunto numa entrevista concedida por Daniel há cerca de 4 anos, o que faz supor ser ele o autor desta última ação. Na época da entrevista disse: “existem vários sinais que mostram a influência da religião no Estado” e, destaca a citação que agora o procurador questiona. http//pt.wikinews.org.
No documento enviado ao ministro da Fazenda Guido Mantega, o Dr. Jefferson justifica “eu não tenho nada contra Deus, sou católico praticante, mas estou cumprindo o meu dever, pois acredito que o país não deve estar vinculado oficialmente a qualquer religião, como determina a Constituição (...)". marcelo.vieira@jornaldebrasilia.com.br 
 Daniel Sottomaior é Diretor Executivo da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea) e fundador da ONG Sociedade da Terra Redonda (STR). Portanto, um defensor incansável do ateísmo no Brasil.
Dado o esforço que o Sr. Daniel vem fazendo para sobrepujar a vontade da maioria que professa o cristianismo no Brasil, não seria melhor e mais coerente se ele, em vez de pedir ao MPF a retirada de um símbolo, no caso o crucifixo, dos ambientes públicos, pedisse a colocação do símbolo da religião que professa no mesmo ambiente em que se encontra aquele que tanto o constrange?!
No Censo Demográfico de 2000, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil contava com 73,8% de católicos; 15,41% de evangélicos; os sem religião 7,4%. Portanto, os que professam o cristianismo no Brasil estão em maioria absoluta. Já o Daniel Pereira...
Existe o ditado popular “pegar brasa com a mão do outro” e, pelo que sinto é o que Daniel está querendo fazer, usando o MPF e o procurador para conseguir um desejo seu, um desejo de natureza particular. Ou não?
Esse debate promete ganhar corpo, pois já repercutiu na Câmara Federal, com o pronunciamento do pastor e deputado federal Marcos Feliciano que, durante pronunciamento, pediu que o procurador Jefferson deixasse Deus em paz. É isso, que Deus nos proteja e para sempre seja louvado. Amém.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Antes tarde do que nunca

Antes tarde do que nunca
Muita gente deve ter ficado feliz com as  recentes declarações da presidente da República Dilma Rousseff com relação a greves de policiais militares que pipocam pelo País. Eu também achei oportunas as declarações dela de rejeitar quaisquer tipos de anistia para os baderneiros, ou seja, os policias que praticaram ações dignas de marginais durante a greve no Estado da Bahia. Só gostaria de saber, e perguntar não ofende, se essa atitude vai valer para todos os praticarem o mesmo delito, contra os que usam o mesmo modus operandi para conseguirem os seus objetivos de agora em diante, incluindo invasão de prédio público? Se for, ótimo, pois trata-se de uma demonstração de que o Brasil ainda tem jeito. 
 Creio que a pergunta feita acima é pertinente, pois ainda se encontra fresquinho na memória dos brasileiros a invasão do Congresso Nacional, em junho de 2006, por membros do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), comandados por Bruno Maranhão, amigão do peito do ex-presidente Lula, membro atuante do Partido dos Trabalhadores (PT). Naquele dia o salão verde da Câmara dos deputados foi transformado num verdadeiro inferno:  vidros foram estilhaçados, bens públicos danificados - computadores, caixas eletrônicos, móveis e até um carro foi tombado na portaria e, de quebra, alguns seguranças saíram feridos. Segundo estimativa feita pela Diretoria Geral da Casa, à época, os prejuízos somaram R$ 102, 6 mil. Pois bem, apesar de terem sido presos, ninguém, pelo que se sabe, foi responsabilizado por aquela afronta às Instituições, à Democracia. A presidente Dilma era ministra da Casa Civil e braço direito de Lula e não se ouviu dela nenhum balbuciar, sequer um meneio de cabeça para condenar aquele ato de vandalismo. O governo de então limitou-se a enviar nota de solidariedade à Casa. Pelo que sei, todos os baderneiros foram, de alguma, forma anistiados. Assim é, sem dúvida, um bom motivo para se comemorar essa mudança, ainda que tardia. Segue vídeo da invasão

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Cuba, lugar para onde convergem todos os democratas de araque

Cuba, lugar para onde convergem todos os democratas de araque

Tenho lido, recentemente, na imprensa que políticos e figuras proeminentes brasileiras têm viajado à Cuba para passarem merecidas férias e aprazível descanso, respirando ar caribenho, longe dos problemas vivenciados no cotidiano deixado-os para trás, onde a liberdade de imprensa, o direito de ir e vir, o direito de expressar com liberdade são valores garantidos pela nossa Constituição cidadã. Fico a imaginar aqui com os meus botões como políticos, educadores, advogados bem-sucedidos, jornalistas, todos defensores aguerridos da Democracia, sempre que oportunidades se lhes apresentam, tomam o primeiro avião e se bandeiam para Havana. Ah, como eu gostaria de ser um mosquitinho só para ver esses “democratas” desfilando pelo El Malecón – local onde muitos adversários do Regime foram sumariamente fuzilados por crime de pensamento-, dando baforadas de charutos e com a pança cheia de mojitos, divagando sobre um mundo, cuja utopia ainda lhes povoa a cabeça, ainda que seus carrões importados tenham ficado, cá no Brasil, estacionados nas garagens de suas mansões, ou nas suas casas luxuosas de praia.
Agora mesmo tomo conhecimento que o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), lá se encontra com familiares e séquito, gozando da hospitalidade do comandante Fidel Castro. Genro foi o mesmo que, quando Ministro da Justiça, botou todo o aparato policial e de inteligência do País no encalço dos cubanos Guillermo Rigondeoux e Erislandy Lara, atletas cubanos que ousaram escapar do Regime Comunista cubano durante os jogos Pan-americanos em julho de 2007, no Rio de Janeiro. O grande democrata, depois de encontrá-los, imediatamente os entregou às autoridades cubanas, não sem antes contar com a camaradagem e ajuda do presidente da Venezuela Hugo Chaves que, incontinente, mandou um jatinho ao Brasil para transportá-los ao país de origem. A alegação foi de que eles não queriam pedir asilo político, pois teria sido lhes ofertado essa possibilidade, e eles a teriam recusado. Me engana que eu gosto! A realidade é que em novembro do mesmo ano (2007) ambos fugiram para a Alemanha, país onde estariam vivendo atualmente.
Durante os jogos Pan-americanos os atletas cubanos eram vistos em bandos pelas ruas de Copacabana, trajando os seus garbosos agasalhos esportivos, sempre carregando enormes sacolas de Shopping-Centers cheias de compras. Soube-se, depois, que os atletas, lá na Vila Olímpica, estavam vendendo os uniformes oficiais ao preço de R$ 150 reais, para fazerem compras. Muita gente comprou. Eu até que tentei adquirir um, mas quando procurei a farra já havia acabado. Era tanta liberdade e eram tantas as oportunidades que não foi à toa que os atletas tentaram desertar. Eles só não contavam com o empenho do, à época, ministro Tarso Genro.
O que se sabe é que a situação econômica de Cuba continua em frangalhos. Ali não há empregos suficientes- muito menos liberdade-, para atender à mão-de-obra demandante. Os benefícios sociais ofertados pelo Estado já não atendem mais às necessidades crescentes da população que é de 11.382.820 habitantes (dados de 2006). Seu principal produto de exportação é o níquel. Os produtos que no passado foram a mola mestra da economia cubana, tal como o açúcar e o tabaco hoje se encontram em declínio.
Acompanhei recentemente pela TV Globo, no Jornal Nacional, reportagens sobre Cuba. Fiquei estarrecido ao saber que o salário mínimo lá é de R$ 17,00. Fiquei achando que poderia ter ocorrido engano nas informações, pois não entendo ser possível alguém sobreviver com tão irrisória quantia. Fui conferir e, eis o pior: é verdade mesmo. Procurei no mercado algum produto cubano para ter uma idéia. Encontrei charutos e bebidas, nada mais. Ironicamente esses produtos aqui no Brasil estão fora de moda. Um legítimo charuto cubano custa atualmente aqui de R$ 40,00 a R$ 55,00, o que daria para pagar o salário de três trabalhadores cubanos.
 O objetivo desta digressão é tão-somente chamar a atenção para um fenômeno turístico saudosista em evidência. A mim me dá igual, pois todo mundo tem o direito de fazer turismo aonde bem entender, gastar a sua bufunfa aonde lhes der na telha. Só acho uma tremenda cara-de-pau o sujeito posar de democrata aqui, e ir passar férias onde não existe nem sobra desse conceito de princípios que norteiam as liberdades das sociedades livres, ou seja, a Democracia.  O resto é papo furado de quem não tem o que fazer.   

domingo, 1 de janeiro de 2012

Chame o ladrão

A reportagem de Veja, de 21 de dezembro de 2011, a qual se refere ao desvio de conduta de policiais militares do Rio de Janeiro, "kit PM", é de fazer corar de raiva qualquer punguista mequetrefe e ladrões de galinhas. Esses hão de dizer, com toda razão: assim não dá, isso é concorrência desleal com a categoria. Bandido é bandido e polícia é policia já dizia Lúcio Flávio, um bandido famoso que viveu no Rio de Janeiro nos idos de 70. É, mas foi no  passado, hoje eles estão todos juntos e misturados, ninguém sabe mais quem é quem. O Sistema é bruto. Há algumas recomendações a serem seguidas quando abordados por policias na rua, seja de dia ou à noite e, uma dessas é pronunciar as seguintes palavras: sim senhor, não senhor e quero ir embora. Caso o cidadão tenha tempo e sorte de pronunciá-las, pode ser que escape de tomar uns pescoções. Mas, por outro lado, corre o risco de ficar sem a carteira.

O tal kit, segundo a Revista, é constituído de peças básicas dos veículos tais como chaves de roda, triângulo e stepes. Esse material é surrupiado dos veículos roubados e recuperados por policiais desonestos, os quais fazem a limpa antes de devolvê-los aos respectivos donos, uma espécie de butim. Ou seja, o cidadão é duplamente roubado nesse caso.

 Acontece que policial corrupto tem em todo lugar do mundo. No Brasil esse fenômeno não é uma regra e não se deve generalizar, pois a grande maioria das corporações policiais é composta por homens honestos e cumpridores das suas obrigações. Então, é bom que se diga que os policiais não vêm de outro planeta, não. Eles saem do seio da própria sociedade. Essa que, ao mesmo tempo em que lhe cobra retidão de caráter, os rejeita sem cerimônia.

Tenho parentes no nordeste cuja atividade é o transporte de cargas e, uma das coisas que mais os intrigam, pois várias vezes me fizeram comentários a respeito, é que eles não entendem como policiais rodoviários são capazes de aceitar propinas em qualquer numerário acima de um real. Ora, a equação é simples: a galinha enche o papo de grão em grão. O importante não são os dois ou três reais que aceitam de um caminhoneiro, coisa que nem flanelinha aceita de bom grado, e sim o resultado final durante um mês inteiro de arrecadação. Levando-se em conta o movimento de caminhão nas estradas, que não é pouco, pode-se ter uma ideia de quão vantajosa é essa rotina de pinga- pinga.

Assim, no caso dos policiais militares do Rio de Janeiro, é possível compreender porque um "kit PM" pode ser adquirido, no mercado negro, a partir de 60 reais, enquanto que no mercado legal esse mesmo kit alcança a quantia de 500 reais.  Esse numerário, 60 reais, pode parecer pouco, mas é muito, já que se trata de produto de roubo e roubo é crime. Se praticado por servidor público tem agravante.
O policial deve acreditar na lei e na ordem de um modo curiosamente inocente. Acredita nisso mais do que o público a quem ele serve. Afinal de contas, a lei e a ordem é a mágica de onde extrai o poder individual que ele acalenta, como quase todos os homens. Contudo, há sempre o ressentimento reprimido contra o público a quem serve. Ele é ao mesmo tempo seu guarda e sua presa. Como guarda é ingrato, abusado e exigente. Como presa é escorregadio e perigoso, cheio de manhas. Logo que alguém cai nas garras de um policial, o mecanismo da sociedade que ele defende reúne todos os seus recursos para arrancar a presa de suas mãos. A prisão logo é relaxada. Juízes dão sursis tolerantes aos piores bandidos. Governadores e até o próprio presidente da República concede os perdões plenos, admitindo que advogados respeitáveis que não obtiveram a sua absolvição. Depois de algum tempo o policial aprende. Por que não receber esses honorários que os bandidos estão pagando? Mais do que ninguém ele precisa disso. Por que seus filhos não devem frequentar a faculdade? Por que sua mulher não deve comprar nas lojas mais caras? Por que ele não pode gozar umas férias merecidas? Afinal de contas ele arrisca a vida para proteger a sociedade e isso não é brincadeira.

O diálogo do parágrafo acima está contido no livro o Chefão, de Mário Puzo, capítulo 17, que deu origem ao filme O Poderoso Chefão. Mas, para nós brasileiros o assunto encontra-se atualizado. O que vemos por aqui é a ausência total da ética, dos bons costumes, do respeito pelo próximo, a prática dos vícios e maus costumes; o jeitinho brasileiro, a arte de passar a perna nos outros. Enfim, o que prospera mesmo é a corrupção, agora rebatizada de malfeitorias pelos sofistas modernos.

A ética, por si só, não é uma simples palavra solta ao vento, é um conceito que vem desde que os homens resolveram viver em sociedade. O maior filósofo que disseminou a ética no mundo foi Jesus Cristo quando deixou o ensinamento, o qual todos deveriam seguir, de que "deveria ser dado a César o que era de César e a Deus o que era de Deus", ou seja, que cada um deveria cuidar do que lhe pertencia e deixar de querer avançar no alheio. Mas essa palavra, ética, que deveria nortear a convivência pacifica entre os homens foi prostituída, foi jogada na vala comum de uns tempos para cá. Portanto, do jeito que a coisa caminha, se em algum momento da vida um cidadão, por um infortúnio qualquer precisar de polícia, seja nas ruas ou nos gabinetes refrigerados, ao invés de chamar o ramal 190 é melhor chamar 171.Chame o ladrão, pode sair mais barato.